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No painel FEBRABAN TECH 2024 | Reescrevendo os modelos de negócios com a IA, o professor da UFRJ e Consultor de TI da Caixa Econômica, Sérgio Medeiros, fez algumas afirmações que causaram polêmica entre os profissionais e executivos de TI.
Vou destacar e comentar 3 que considerei mais controversas:
- “O processo não é o centro das atenções, é necessário, mas não é o centro. “
- “As regras são a coqueluche do mercado.”
- “A IA tira o monopólio da TI... e o negócio é o centro da IA, não na TI. A IA não vai acontecer na TI. A TI não tem a expertise para tocar a IA. A IA vai acontecer no negócio. A TI vai ser um fiel depositório dos dados corporativos. A IA Tem de ser migrada para dentro do negócio. O ponto fundamental é convencer a TI de que ela não tem mais o monopólio. Eles (da TI estão nervosos) ... porque não precisa mais deles.”
Essas afirmações causaram uma revolta em alguns profissionais e executivos de TI que responderam nas redes sociais acusando o professor até mesmo de extremismo.
Mas, para quem já participou de painéis em eventos como esse, sabe que, por vezes, nem o mediador, nem o panelista, se prepararam adequadamente para organizar suas intervenções e, por vezes, a idéia sai incompleta ou destituída do contexto que a pessoa até tem na cabeça, mas não teve o tempo, a ocasião ou o talento para expressar.
Alguns pontos realmente merecem, no mínimo, uma contextualização mais bem definida porque, da maneira como foram expostos, deixam algumas mensagens truncadas e outras perigosas.
REGRAS
Dizer que as regras existem e não são cumpridas e apontar que a existência delas como o problema é tirar o foco do real problema: a falta de moralidade das pessoas envolvidas.
A maior parte das pessoas cumpre regras, mas os poucos que não o fazem causam danos que repercutem em toda a empresa.
Portanto, deveríamos ter a capacidade de identificar e sacar da empresa aquelas que não o fazem.
O problema moral, principalmente nos bancos, é tão acentuado que, ontem, dois gerentes da Caixa Asset – braço de gestão de fundos de investimentos da Caixa - foram destituídos de seu cargo porque evitaram uma operação suspeita de R$ 500 milhões. Ou seja, é evidente que, os que não cumprem regras estão ganhando o jogo, e não é só na Caixa.
BANDIDO FAZENDO REGRA
O segundo ponto a se levantar é que há indivíduos de caráter duvidoso e intenções escusas fazendo regras para pessoas ordeiras cumprirem. Ou seja, poucos e pérfidos em cargos de liderança que criam regras que colocam pessoas honestas e morais em situações constrangedoras e em dilemas impossíveis de serem resolvidos.
Pois é claro que, se você é ordeiro e, portanto, cumpridor de regras, quando um líder lhe impõe uma regra indecente, é evidente que você está moralmente desobrigado a obedecê-la. Entretanto, ao fazer isso, há todo um conjunto de consequências – e, por vezes, a pessoa não tem a força de caráter necessária para aguentá-lo.
A NECESSIDADE DO PROCESSO
Afirmar que o processo não é o centro das atenções, mas sim o negócio, é uma frase de impacto em uma convenção de vendas, mas não recomendo a ninguém a seguir quando há riscos envolvidos.
Eu poderia dar inúmeros exemplos de pessoas que morreram por não cumprir o processo. Lembro-me de um jovem em uma mineração que era responsável por limpar tanques fechados da argila que se acumulava em seu interior. Ele era conhecido por ser mais rápido que todos os demais e muito elogiado por seus superiores.
Entretanto, como o profissional entrava sozinho no tanque para fazer a limpeza, não havia supervisão e ele havia descoberto um jeito mais rápido, mas extremamente inseguro de fazê-lo. Um dia seu procedimento fez com que a argila colapsasse em cima dele e ele morreu soterrado.
Portanto, conhecer o processo e cumpri-lo em situações de risco é um fator crítico.
Mas, é evidente que existe uma articulação entre o processo e o resultado de negócio esperado.
Não adianta fazer tudo com segurança e a empresa falir tanto quando não é possível a empresa ter lucro, mas as pessoas morrerem por falta de processo.
Minha experiência me diz que o problema não é falta de processo, mas assim como exemplo que mencionei, a falta de atenção a eles e a consciência de que eles devem existir congruentes com os objetivos do negócio.
Neste ponto tenho de concordar com o professor de que há certos processos criados inutilmente dentro da empresa – e não apenas na área de TI.
MONOPÓLIO DA TI
Dizer que a IA tira o monopólio da TI é uma frase que carece de maior esclarecimento.
Afinal, não apenas nas grandes empresas, mas somente posso escrever este texto porque há um computador na minha frente e que, se a TI não o mantiver funcionando, não consigo fazê-lo e evidentemente muito menos um prompt para a IA.
Então, do mesmo modo que o smartphone possibilitou aos indivíduos tirarem mais fotos e compartilhá-las, é um exagero imaginar que os transformou em fotógrafos profissionais.
Mas, com certeza, a maioria das situações de nossas vidas que queremos registrar não demandam um fotógrafo profissional. Inclusive porque seria muito caro.
Então, o mais correto é compreender que os profissionais de TI são os mais qualificados para extrair todo o potencial da Inteligência Artificial, mas precisam sair da caixa de TI e se interessarem pelo negócio da empresa.
E esse é um problema de liderança que deve educá-los nessa direção.
Entretanto, na minha experiência com feedbacks, não é por meio de críticas descontextualizadas que atrairemos esses profissionais para desenvolverem esse interesse.
Eu já fui programador assembler e sei a quantidade quase infinita de detalhes a que um profissional de TI está submetido. Um único bit errado e tudo pode parar. A maioria das pessoas não imagina as camadas de infraestrutura que existem para que uma simples mensagem de texto saia de seu smartphone e chegue ao whatsapp de sua mãe.
Agora imagine um executivo de TI tendo de articular o funcionamento de inúmeros profissionais que focam no seu conhecimento com as necessidades de cada departamento e as finalidades do negócio?
Sendo que ele mesmo tende a interessar-se mais pelo funcionamento de sua área do que das demais – mesmo sabendo que cada computador e smartphone na mão de cada funcionário pode demandar sua atenção a qualquer instante.
E, finalmente, imagine, por exemplo, ter a responsabilidade de segurar a operação de um varejista em plena black friday?
Eu mesmo demorei anos para sair da caixa de TI e ir para área de negócios e compreender a articulação dela com o ecossistema que faz um simples produto chegar ao cliente.
RESPEITO
Portanto, não é dizendo que a TI é desnecessária que faremos seus profissionais saírem de sua caixa, mas pacientemente e com respeito mostrando cada vez mais que, se a TI é complexa, também o é o jurídico, o marketing e a logística. E que a IA pode contribuir muito para que a articulação dessa complexidade seja cada vez mais compreensível e gerenciável.
E isso começa com a boa formação de todos em liderança, não em IA pois é a liderança que alinha os propósitos de todos com o do negócio.
Conte comigo para isso e vamos em frente!
P.S.1. Se você é gestor de TI e gostaria de aumentar sua musculatura executiva e ter a força necessária para gastar menos energia na gestão de pessoas e articulação com outras áreas, entre em contato conosco. Nossos programas de coaching executivo, palestras e seminários de liderança podem contribuir muito com você, seus resultados e aspirações de carreira.
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silvio.celestino@alliancecoaching.com.br
P.S.2. Nos bastidores do "O EXECUTIVO", sempre estamos prontos para discutir estratégias e soluções personalizadas para suas necessidades de desenvolvimento. Estamos aqui para ajudá-lo a transformar desafios em oportunidades. Entre em contato para conversarmos sobre como ajudá-lo.
P.S.3. Eu sei que, conforme o tempo passa, há outras notícias que chamam nossa atenção. Entretanto, o Sul não pode ser esquecido. Se você deseja contribuir com alguém que conheço e que está ajudando a famílias do Rio Grande do Sul – e que faz missões lá – sugiro o Padre Wagner Alves de Almeida, cujo pix é: 081.304.479-08 (CPF dele).
Silvio Celestino
Sócio-diretor da Alliance Coaching
Autor do livro: O LÍDER TRANSFORMADOR, como transformar pessoas em líderes
A TI PERDEU O MONOPÓLIO?