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UM LÍDER DEVE SE PREPARAR PARA AS TRAGÉDIAS
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UM LÍDER DEVE SE PREPARAR PARA AS TRAGÉDIAS

O ano começou com tragédias como os terremotos na Turquia, Síria e no Irã, o descarrilhamento do trem com produtos tóxicos em East Palestine e as chuvas torrenciais no litoral de São Paulo.

Todos nós temos de ajudar em acordo com nossas possibilidades de ação e sacrifício, lamentar as vidas perdidas, rezar por elas e por todos os que foram atingidos diretamente por esses eventos.

Mas, é o contraste das ações dos líderes de dois desses eventos que me chamaram a atenção: as de Joe Biden, em relação ao descarrilhamento do trem em East Palestine, e as de Tarcísio Gomes, nas chuvas em São Paulo.

FOCO NO QUE É GRAVE

Enquanto o governo americano gastava milhões de dólares com balões sobre os Estados Unidos, tratando-os como uma crise existencial, uma pequena cidade em Ohio, chamada East Palestine, se viu envolvida em um evento muito mais grave.

Depois do acidente do reator nuclear em Three Mile Island, não me recordo de um evento ambiental desta magnitude em solo americano.

Um trem da empresa Norfolk Southern Railway, descarrilhou no dia 3 de fevereiro carregado de produtos químicos perigosos.

Um deles, o cloreto de vinila, é um gás altamente tóxico e cancerígeno, usado na fabricação de PVC – resina policloreto de vinila.

Após o descarrilhamento, houve um incêndio parcialmente controlado até o dia 5.

Neste dia, os técnicos observaram que a temperatura em 5 vagões que transportavam cloreto de vinila, estava subindo, o que sugeriria que poderiam vir a explodir.

Então, eles resolveram fazer uma “ventilação controlada” para mitigar o risco de uma explosão descontrolada.

A operação está no vídeo abaixo.

E o resultado está na imagem a seguir:

Desde então, animais apareceram mortos na região e as águas do rio da cidade aparecem com aquele arco-íris característico de poluição química quando agitadas.

Não quero entrar em mais detalhes, mas a contaminação já chegou a um rio do Estado do Texas.

A questão que quero ressaltar é que o CEO da Norfolk Southern, Alan Shaw, somente apareceu na cidade na semana passada, 3 semanas após o acidente.

E o presidente Joe Biden ainda ontem disse que não iria à cidade porque todas as ações tomadas pela agência ambiental, prefeito e governador eram suficientes.

É verdade que, como efeito imediato, ninguém morreu e somente algumas pessoas apresentaram náuseas e problemas respiratórios na área afetada pelo acidente. Mas, saber que a população da cidade e aquelas próximas aos rios afetados estão sujeitas a efeitos como o câncer a longo prazo é no mínimo aflitivo e deveria ser motivo para que o presidente estivesse no local.

Nos momentos em que não há nada mais a fazer, a presença do líder altera o espírito das pessoas.

Sejam lá quais tenham sido as ações apropriadas tomadas pelos técnicos responsáveis pela operação, a ausência do líder nesses momentos causa um dano no elo de confiança entre as pessoas sob sua liderança e ele.

Afinal, se algo mais grave acontecer, a população poderá contar com seu líder?

TENHA CORAGEM DE ESTAR PRESENTE

Vamos, então, analisar um exemplo positivo.

As chuvas torrenciais no litoral de São Paulo são conhecidas há muito tempo. A tragédia acontecida em Caraguatatuba, em 1967, quando 480 pessoas morreram, é um alarme que deve soar sempre que os anos começam.

Em 2023, não foi diferente.

Eu estava de férias e vi que o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes, acometido de covid, tuitava sobre uma ponte sendo reconstruída, em Campinas, em função das chuvas do mês de janeiro.

Foi então que ele, após comunicar que estava negativado da covid, fez o primeiro tuite a respeito das chuvas no litoral de São Paulo e dizia o seguinte:

A caminho de Ubatuba e São Sebastião, algumas das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas no Litoral Norte, para ver de perto os locais afetados e prestar o amparo e apoio necessários aos municípios. Todo time da Defesa Civil do Estado de SP em ação em auxílio à população.“

Ou seja, ele não ficou esperando a situação se estabilizar ou ler relatórios sobre os acontecimentos para analisar se tudo foi feito corretamente.

Ao contrário de Biden, a primeira coisa que ele fez, quando possível, foi ir ao local e estar com as pessoas atingidas.

Desde então, as mensagens em suas redes sociais são de descrição e alerta para a situação, decretos, solicitação de auxílios ao governo federal, forças armadas, coordenação das ações, agradecimento à solidariedade e respeito às pessoas afetadas pela situação.

E olha que ele não minimiza em nada o ocorrido – descreve o cenário como devastador e lamenta os saques ocorridos a caminhões que transportavam auxílios aos atingidos pelas chuvas e os roubos em casas que foram abandonadas na região.

Ainda hoje, a sua mensagem mais recente é sobre o retorno de 45 profissionais que foram à Turquia auxiliar no socorro às vítimas do terremoto. Destes, 26 são bombeiros do Estado de São Paulo e, ao desembarcarem, provavelmente já serão deslocados para atender às pessoas atingidas pelas chuvas.

Merecidamente, concederá a medalha de Defesa Civil do Estado de São Paulo a todos eles.

APRENDA COM OS EXEMPLOS POSITIVOS

O que interessa para nós, aqui, como executivos e que precisamos de bons exemplos de como liderar pessoas, é observar a aplicação do que é considerada a melhor prática de liderança em momentos de crise: o líder tem de estar presente.

É verdade que a vida executiva é muito estressante, mas, até mesmo como compensação, ela nos possibilita o acesso a bens e experiências confortáveis e, por vezes, luxuosas.

Mas, nunca podemos perder de vista que somos responsáveis pela vida das pessoas que estão sob nossa liderança.

As respostas a algumas perguntas sempre devem estar presentes.

Por exemplo:

Você conhece todos os riscos a que estão submetidas as pessoas que você lidera?

Na eventualidade de um acidente, ou de uma tragédia, é capaz de ter domínio emocional, controlar  seu medo, sua postura e voz, dar orientações e coordenar os trabalhos?

Refletir sobre suas respostas a essas perguntas é um primeiro passo para um autoconhecimento mais responsável a respeito de quem você é como líder.

Afinal, vejo muitos profissionais se interessarem pelo bônus da liderança, mas ignoram e não desejam o ônus. Infelizmente, não é possível obter somente o primeiro.

Portanto, nunca pare de aprender a respeito dos bons exemplos de liderança, mesmo em situações que você enfrentará raramente em sua carreira. Mas, que, se ocorrerem, você precisa estar preparado.

Afinal, a pergunta mais importante a responder é: se algo grave acontecer, seu time poderá contar com você?

Conte comigo para seu preparo para isso e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

www.silviocelestino.com.br

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

WhatsApp (11) 98259-8536Referência

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