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ESTAMOS LOUCOS?
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ESTAMOS LOUCOS?

Ou apenas fugindo da normalidade?
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No podcast com Júnior Pereira, empresário e diretor da JP Pereira, de maneira surpreendente disse que deixou de lado os estudos sobre os números da empresa, que já dominava o bastante, para dedicar-se à psiquê das pessoas.

O comportamento incompreensível dos empregados o fez concluir sobre a relevância do tema para a gestão dos negócios.

Para confirmar sua preocupação, tive almoços com duas CEOs de diferentes áreas, uma de comunicação e outra industrial, que não apenas confirmaram a idéia de Júnior, mas compartilharam experiências chocantes com seus empregados.

Desde pessoas que culpavam seus chefes por todos os infortúnios de suas vidas e declaravam isso em redes sociais, até indivíduos que se colocavam em uma vida cheia de atividades, mas cujas almas estavam evidentemente vazias e perturbadas.

Como os executivos serão capazes de gerir pessoas que estão cada vez mais com problemas psicológicos?

E não estarão eles também enlouquecendo com mais essa questão – como se não bastasse ter de resolver todos os problemas da empresa?

ALÉM DA PSIQUÊ

Entretanto, houve mais um ponto em comum nessas conversas: os três diretores chegaram à conclusão de que havia algo além da psicologia, mas que lidavam com uma questão espiritual.

De fato, um problema dessa ordem possui tantas perspectivas que é impossível abordá-las em uma única conversa ou texto.

Mas, um ponto de vista que observei é a desordem que o excesso de amor-próprio causa nas pessoas.

O desejo de ter tudo, de satisfazer suas paixões, de não aceitar humilhações, sofrimentos físicos e injustiças, tornam as pessoas buscadoras de um mundo perfeito para si mesmas e que é ilusório.

Desde um corpo perfeito e saudável e que nunca adoeça, envelheça e morra, até a busca pela riqueza inesgotável. Tudo isso em relacionamentos com pessoas perfeitas, sem mistérios, sem falhas e sempre dispostas a satisfazer seus desejos e contribuir com seu sucesso.

É evidente que, ao iludir-se com uma vida assim, a culpa por seu fracasso só poderá estar nos outros e no mundo, porque se as pessoas contribuíssem com você, você aguentaria e resolveria seus problemas.

Além disso, apontar o dedo para si mesmo seria desumano demais e colocaria luz em sua preguiça em buscar conhecimento verdadeiro, em aceitar suas limitações e que não é capaz de resolver se quer seus problemas quanto mais o do mundo. Ou seja, revelaria que você é uma pessoa normal.

E parece que as pessoas fogem da normalidade mais do que qualquer coisa hoje.

A OUSADIA DA IMPERFEIÇÃO

O que uma pessoa normal faria se tivesse toda essa consciência?

Seria uma ousadia, uma falta de humildade e um desrespeito de minha parte acreditar que tenho a resposta para essa pergunta. O que consigo fazer é compartilhar com você o pouco que compreendi do que li de pessoas muito mais sábias a respeito do tema.

Mesmo elas nos orientam que as respostas estão nos bons exemplos do passado e que devemos nos esforçar em imitar.

Neste sentido, o conhecimento não entra em você por osmose, você vai ter de sentar e ler os livros – por melhores que sejam os vídeos e podcasts de hoje, somente os livros são idéias estabilizadas e, portanto, se você não ler sobre o tema que deseja aprender, dificilmente saberá sobre o que está sendo falado.

OS BONS EXEMPLOS

Mas, vamos apenas ler? E as injustiças, doenças, sofrimentos, frustrações, violências que todos nós já sofremos? Não vamos fazer nada?

Bem, como você vai ter compaixão com os outros se você não passar por tudo isso?

Você seria um louco se desejasse essas coisas, mas também o seria se imaginasse que é capaz de evitá-las em todo o curso de sua vida.

Quando olhamos as histórias como as de Viktor Frankl, Luis de Camões e principalmente de santos como Santas Luzia, Águeda e Filomena, observamos que, de vidas incrivelmente sofridas e momentos desesperadores, extraíram um sumo para a si mesmos e a eternidade.

O que nos leva a concluir que o sofrimento leva a pessoa à esfera contrário do desejo e do amor-próprio. Seja o sofrimento da dor física, das humilhações e principalmente o espiritual.

SOLUÇÃO

O que todos esses exemplos nos mostram não é uma solução para essas questões que na maioria das vezes nos são impostas como uma tempestade inexorável, mas como sofrer com paciência, como suportar as dores e as humilhações e como esperar em Deus quando tudo parecer escuro e impossível.

Acima de tudo, aprender o valor da própria vida.

Para concluir, também me lembrei que assisti a um trecho de um vídeo de Nelson Piquet onde ele falava das diferenças dele com Ayrton e que jamais bateria para ganhar uma corrida.

Dizia ele: “A minha vida é muito mais importante que qualquer corrida”.

Talvez, falte a nós conhecermos as vidas e prestarmos muita atenção para imitarmos a essas pessoas tão diversas e de todos os tempos, mas que chegaram a conclusões tão parecidas de que há algo maior do que nossos desejos, nossa felicidade e nosso amor-próprio.

E esse algo, assim como concluíram os diretores mencionados no início do texto, está nas alturas espirituais.

Saibamos nos elevar e auxiliar outros a fazerem o mesmo.

Vamos em frente!

Foto: Júnior Pereira, Diretor da JP Pereira e Silvio Celestino no podcast do CANAL O EXECUTIVO

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

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