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CONVERSAS DIFÍCEIS SÃO INEVITÁVEIS
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CONVERSAS DIFÍCEIS SÃO INEVITÁVEIS

Aprenda a enfrentá-las

Se você ainda não assistiu à entrevista com o sócio-fundador da Figtree Capital, Flávio Muniz, clique na imagem abaixo. Você vai se surpreender com seus insights a respeito de como foi o mês de agosto para os investimentos e o que esperar do mês de setembro.

Depois de falarmos sobre a importância de ser diplomático para sua carreira e da soft skill de ser capaz de ler nas entrelinhas, é o momento de refletirmos sobre a utilização de ambas as habilidades naqueles momentos que mais desejamos evitar: as conversas difíceis.

Sabe aquela pessoa que você tem de falar sobre aquele assunto?

Mas, toda vez que você fala com aquela pessoa, sobre aquele assunto, ela fica daquele jeito?

Se você sabe de quem estou falando e de qual assunto, então entende por que evitamos certas conversas com certas pessoas.

Mas, generalidades à parte, o fato é que não há como ter uma carreira, ou melhor, uma vida sem ter de encarar conversas difíceis.

Quer seja porque temos ocasiões que precisamos abordar assuntos delicados, quer seja porque temos de encarar pessoas intragáveis ou muito duras, as conversas difíceis demandam muito de nossa psiquê, domínio emocional e habilidade de comunicação.

São vivos para mim dois momentos intensos desse tipo de conversa.

QUANDO A MENSAGEM É DIFÍCIL

Em 1990, logo após o anúncio do plano Collor, a situação da companhia em que estava trabalhando ficou dramática.

Teríamos de demitir 400 dos 600 colaboradores.

Entretanto, eu era o funcionário 29 e, portanto, grande parte dos demitidos eram amigos de longa data. Eu era muito novo e, embora não fosse responsável pela maior parte das demissões, demitir o pouco que me cabia e acompanhar a saída dos demais foi uma jornada estafante e desgastante emocionalmente.

Mas, a empresa foi salva e alguns anos depois passou a ter milhares de funcionários.

Pensar no resultado futuro é uma boa forma de preparar-se para fazer o que for necessário.

Ser muito respeitoso com as pessoas envolvidas, ouvi-las e dar-lhes suporte emocional é uma das estratégias possíveis para essas ocasiões.

Outro momento pessoal dramático foi quando do falecimento de meu pai.

Minha tia me ligou de Campinas e me disse para avisar à minha mãe e a meus irmãos que meu pai falecera.

Naquele momento eu estava com meu sócio que me deu muito apoio, mas não queria ser o porta voz daquela mensagem a meus irmãos e mãe por nada desse mundo.

Mesmo muito consternado, liguei para cada um deles e dei a dolorosa notícia.

Às vezes, não há maneira certa de dar uma mensagem, o máximo que você consegue é ter um apoio e falar do seu jeito as palavras que consegue balbuciar.

Depois de um tempo, com maior maturidade, descobri que prefiro ser o porta voz dessas mensagens, pois é uma experiência tão difícil que sempre que possível não deixo outra pessoa passar por isso. Durante a faculdade, mais de uma vez fui procurado por amigos para avisar a turma do falecimento do parente de alguém. Não existe meio fácil de fazê-lo, todos são difíceis.

QUANDO O INTERLOCUTOR É DIFÍCIL

Mas, pior do que ter uma mensagem difícil a transmitir, é ter de lidar com alguém grosseiro, com desafios intelectuais ou simplesmente de má índole.

Infelizmente, nem todos respeitam os princípios do diálogo.

Mesmo que você prove que 2+2 é igual a 4, há pessoas que não aceitam a verdade.

No fundo, podemos classificar os indivíduos em dois grupos básicos: os que buscam a verdade e os que não a aceitam

Os primeiros podem ser grosseiros e com dificuldades intelectuais, mas ficam agradecidos quando você, com paciência, muito domínio emocional e didática lhes mostra a verdade.

Os segundos simplesmente são incapazes de aceitá-la, não importa o que você diga. No fundo, a odeiam.

A recomendação, portanto, é não discutir com pessoas que não aceitam a verdade, é uma perda de tempo e um desgaste inútil. É preferível você simplesmente colocar seu ponto de vista, não por causa da pessoa em si, mas pelos demais que porventura estejam ouvindo e possam se beneficiar da mensagem, deixar o interlocutor falar e procurar encurtar a conversa tanto quanto possível.

OS BONS INTERLOCUTORES DAS CONVERSAS DIFÍCEIS

A melhor situação de todas é quando, apesar do tema difícil, como a escolha entre duas alternativas para atingir a um objetivo, todos os interlocutores são de boa fé e querem defender seu ponto de vista.

Neste caso, você deve se preparar muito bem para colocar o propósito a ser cumprido, definir bem o objetivo a ser alcançado e mostrar evidências de que, o contexto no qual está, é atendido pelo seu critério de escolha e que leva à alternativa que você defende.

Quanto mais evidências você tiver, mais enraizada será a defesa de sua posição e dificultará o interlocutor rejeitá-la.

FEEDBACK É UMA CONVERSA DIFÍCIL

Também o feedback negativo a alguém que quer genuinamente evoluir na carreira é um bom exemplo: a pessoa está disposta a ouvir sua perspectiva e sabe ser humilde. Por pior que seja o tema do feedback, você consegue ter serenidade na conversa a partir do respeito à pessoa, seu valor para a empresa e o foco na correção de um problema pontual.

Neste sentido, qualquer que seja o contexto da conversa difícil, saiba ouvir, seja paciente e diplomático.

Se há muitos inimigos da verdade por aí, também há muitos que somente esperam por alguém habilidoso para convencê-los do que é certo.

Principalmente com os mais jovens, em uma conversa difícil, seja firme e mostre os erros de sua perspectiva e como podem levá-los a caminhos indesejáveis. Apresente o bom caminho com muitos exemplos fortes e didáticos.

Por último, não fuja das conversas difíceis. Todo profissional maduro, especialmente um executivo, tem de ter sua dose frequente delas pois são as que põem à prova seu caráter e habilidades de comunicação, como a diplomacia e a capacidade de ler nas entrelinhas.

Quando aprendemos a articular essas e outras competências relacionadas ao diálogo, nos tornamos mais estratégicos e aumentamos decisivamente nossas chances de sucesso nos resultados e em nossas carreiras.

Essas chances estão, muitas vezes, escondidas em conversas difíceis que temos de ter.

Conte comigo no que puder auxiliá-lo nisso e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

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